Everton Braz – Presidente estadual do Podemos RS
Os empresários locais se uniram para exigir maior efetividade da Brigada Militar ao prefeito. Em seguida, aflita, a mãe de um aluno do ensino médio chega queixando-se de que a educação não é mais totalmente inclusiva. O telefone toca e do outro lado da linha um cidadão pede a intervenção do senhor prefeito devido à fila interminável para cirurgia de traumatologia, um procedimento de alta complexidade. Nas redes sociais, há mais duas reclamações: uma sobre a falta de funcionamento da internet e outra sobre o possível fechamento da rodoviária na pequena cidade.
Sabe o que todos esses problemas têm em comum? Nenhum deles compete diretamente ao chefe do Executivo municipal. Constitucionalmente, de fato. Mas, e na prática? No dia a dia da realidade, a quem compete a zeladoria da cidade? No município, há apenas um responsável pela vida. A esse guerreiro, chamamos de prefeito.
O senso de urgência mudou a percepção sobre a figura dos prefeitos. Sim, é verdade. As responsabilidades materiais e intangíveis diante do olhar vigilante do contribuinte só aumentaram. Trata-se de uma percepção, de um juízo de valor que envolve também aspectos simbólicos. Tem relação direta com a maneira como o governo se faz presente na comunidade. É como se o eleitor colocasse a lupa no todo e não compreendesse que o prefeito é parte integrante.
Crises agudas como a pandemia, as frequentes estiagens e as dramáticas enchentes vividas no Sul aumentaram significativamente esse protagonismo, exercício de liderança e também visibilidade. No imaginário popular, espera-se que o prefeito seja responsável por resolver todas as tribulações da cidade. No entanto, constitucionalmente, esse não é o seu papel. Na prática, é assim que acontece. Você já viu algum prefeito responder: “desculpe, fulano. Isso não é problema meu”? Em 30 anos de vida pública, nunca presenciei.
O contexto também revela outra percepção que influencia na hora do voto. O eleitor busca no prefeito algo muito valioso: segurança. Se no passado recente procurava-se salvadores da pátria, vendedores da esperança de um futuro colorido, hoje o que se busca é alguém em quem se possa confiar no meio da escassez ou do temporal. E para 2024, a sociedade estará ainda mais crítica, analítica e cuidadosa ao depositar seu voto.
A quem você entregaria a chave da sua casa, onde mora a sua família? A resposta é a mesma que se dará nas urnas. Esperança é uma aposta, mas segurança é uma garantia. Lealdade e confiança não se imprimem em santinhos e valem mais do que qualquer ideologia, é a reputação de uma vida de legado que vencerá a eleição.
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